Há encontros que deixam marcas. E foi exatamente isso que aconteceu quando o Dr. Manuel de la Peña, guru da longevidade, conheceu a Irmã Rosario Soto. Esta freira de Gijón, nascida em 1914, acaba de completar 111 anos. Não só se mantém lúcida, como espalha alegria, segundo o médico, e a sua vitalidade é tal que qualquer um poderia pensar que o tempo parou para ela.
Um guia que está a transformar vidas
O coração do mundo médico começa a bater forte em torno de uma obra que suscita um enorme interesse: “Guía para vivir sanos 120 años”, escrito pelo próprio De la Peña. Um manual de instruções que já está a mudar hábitos e formas de pensar. E não é de admirar: baseia-se na experiência direta com pessoas que atingiram idades extraordinárias com uma saúde admirável. O livro capta experiências reais, como as da supercentenária Irmã Rosario e da Irmã Vitorina Chusas, outra freira centenária que, aos 102 anos, continua dedicada à vida e a Deus, com um sorriso, como a própria diz.
Fé, serenidade e hábitos saudáveis: a receita para supercentenários
Ambas foram entrevistados pelo médico no dia 17 de maio no convento dos Escravos de Santander. Aí, confirmou o que a ciência começa a comprovar: fé, bom humor e rotinas saudáveis são ingredientes poderosos. Sem álcool, sem tabaco. Por outro lado, observou que as duas freiras são magras, têm a tensão arterial, o colesterol e o ritmo cardíaco bem controlados e hábitos saudáveis. Têm uma existência serena, simples e devota. “O que mais me surpreendeu foi a alegria e o sorriso constante nelas”, diz o Dr. Manuel de la Peña, que afirma que “elas sabem quem são, vivem em paz e cheias de fé, e isso dá-lhes uma força inigualável”, como pudemos ver no vídeo que circulou nas redes sociais, no qual se vê o Dr. de la Peña a entregar um terço à Irmã Rosario Soto.
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Um evento com história e figuras de destaque
O médico partilhará muitos destes ensinamentos numa conferência muito aguardada que se realizará no Royal Astur Regatta Club, um espaço repleto de história – o Rei Afonso XIII de Espanha foi o seu presidente honorário e participou nas regatas de 1912 e 1913 com a Giralda II. O evento, promovido por Paz Villegas, vai reunir figuras de relevo da alta sociedade de Gijón.
O fenómeno do centenário: por quê é que a Espanha está a liderar o caminho?
O que está a acontecer em Espanha não é coincidência. Segundo de la Peña, estamos a assistir a uma revolução silenciosa: cada vez mais pessoas vivem mais de 100 anos. As razões? São duas prinicipalmente: os avanços médicos disruptivos e os estilos de vida que respeitam o corpo e a mente.
Exemplos que inspiram e ensinam a viver melhor
Na sua obra, inclui ainda o testemunho da freira francesa Lucile Randon, que viveu até aos 118 anos, ou da espanhola María Branyas, que chegou aos 117. Branyas costumava repetir que o seu segredo era manter-se afastada das pessoas tóxicas, comer iogurte como probiótico e viver com um propósito. Estas histórias ternas, longe de serem anedotas, estão a tornar-se modelos de resistência ao envelhecimento e, por isso, vale a pena segui-las.
O caso de Angelina Torres, a pessoa mais velha de Espanha, com 112 anos, é outro dos perfis que De La Peña estudou clinicamente. em Barcelona. Analisou a sua saúde e concluiu que, para além da genética, há decisões saudáveis que fazem a diferença, e observou o mesmo em Servando Palacín, que aos 110 anos superou uma pneumonia e aos 109 colocou um pacemaker. E não menos marcante é o caso da sua própria mãe, que, acabada de completar 100 anos, superou um acidente vascular cerebral com uma força emocional comovente.
Espanha, um modelo mundial de longevidade
De acordo com De la Peña, descobridor do sítio arqueológico supercentenário e embaixador da saúde e da vida na Academia de Diplomacia, Espanha posicionou-se como líder mundial em longevidade graças a uma combinação vencedora: dieta mediterrânica, azeite, um sistema de saúde sólido, segurança social robusta e tratamentos médicos inovadores que não só curam como melhoram a qualidade de vida. Hoje, mais de 700.000 pessoas no mundo têm mais de 100 anos. E se estes modelos continuarem, tudo indica que este número irá crescer exponencialmente.
Em última análise, a história da Irmã Rosario não é um caso isolado, mas antes o reflexo de uma nova forma de viver, que prolonga uma vida livre de doenças e cheia de sentido.